Um novo estudo publicado no BMJ Open, realizado com crianças e adolescentes na Nova Zelândia apontou que a saúde emocional e o bem estar das crianças com problemas de peso são em média piores do que a das crianças sem problemas de peso.
Os pesquisadores encontraram um nÃvel significativo de problemas emocionais e comportamentais e relataram que esses achados destacam a importância de que os programas de obesidade envolvam psicólogos.
Foram avaliadas 233 crianças e adolescentes com faixa etária entre 4 a 16 anos em um programa de intervenção de 12 meses. Estes participantes apresentavam IMCs na faixa obesa clinicamente, e muitos tiveram problemas de saúde relacionados ao peso.
Tanto os pais quanto as crianças preencheram versões separadas de um questionário que mede a “qualidade de vida relacionada à saúde”. Os pais (ou as crianças com idade superior a 11 anos) preencheram um segundo questionário para detectar dificuldades comportamentais e emocionais, como ansiedade, problemas de sono e agressão.
Os pesquisadores encontraram:
• 44% das crianças no estudo tiveram escores que indicam uma alta probabilidade de problemas emocionais e comportamentais, seis vezes a taxa tipicamente encontrada em jovens;
• 28% apresentaram escores que indicam uma alta probabilidade de dificuldades psicológicas suficientemente graves para justificar a intervenção;
• Em média, a qualidade de vida das crianças relatada por seus pais era comparável à das crianças e adolescentes diagnosticados com câncer, e menor do que um grupo de comparação de crianças que vivem com condição de saúde crônica como a diabetes tipo 1, que exige testes diários e tratamento;
• Quanto maior o IMC dos participantes, menor é a sua qualidade de vida;
• A qualidade de vida reportada foi menor nos participantes que experimentaram pausas respiratórias (ligadas a uma condição de sono chamada apnéia obstrutiva do sono), dores de cabeça, dificuldade em dormir e / ou problemas de desenvolvimento;
• A própria obesidade, ao invés de etnia ou dificuldades financeiras, pareceu ser o principal fator contribuinte para a menor qualidade de vida dos jovens nesta coorte;
“Este estudo destaca que uma grande proporção de crianças e adolescentes que lutam com problemas de peso também são altamente susceptÃveis de serem afetados por problemas psicológico e por sua vez, menor qualidade de vida”, diz o Dr. Yvonne Anderson, pesquisador e autor do estudo.
“No entanto, é importante notar que esses resultados provêm de um grupo que buscava ajuda com o seu peso, então esses achados não podem ser generalizados para todos os que têm obesidade”, diz ela.
“Esperamos que essas descobertas sirvam de lembrete de que todos precisamos trabalhar para reduzir o estigma associado à obesidade. É realmente importante que não vejamos a obesidade como uma única condição. Tem muitos fatores contribuintes, que pode afetar os indivÃduos de diversas maneiras. E realizar avaliações respeitosas, não julgadoras e individualizadas é fundamental para qualquer tipo de engajamento significativo “.
O estudo foi uma colaboração entre o Instituto Liggins, com sede na Universidade de Auckland, Taranaki District Health Board e Sport Taranaki, com financiamento do Health Research Council.
Mais informações: Yvonne C Anderson et al. Assessment of health-related quality of life and psychological well-being of children and adolescents with obesity enrolled in a New Zealand community-based intervention programme: an observational study, BMJ Open (2017). DOI: 10.1136/bmjopen-2016-015776
Yvonne C. Anderson et al. Physical activity is low in obese New Zealand children and adolescents, Scientific Reports (2017). DOI: 10.1038/srep41822