Atividade Física na infância o melhor recurso
31 de agosto de 2006 - Ivo Mortani

A Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a considerar a obesidade como um problema de saúde pública tão preocupante quanto a desnutrição. A prevalência da obesidade nos jovens americanos aumentou dramaticamente nos últimos anos, e no Brasil, a obesidade entre as crianças triplicou nos últimos 20 anos. Este fator é extremamente preocupante, pois jovens obesos apresentam maior tendência a tornarem-se adultos obesos, aumentando os riscos no desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, dores nas articulações, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer. Além disso, a obesidade acarreta também limitação no desempenho das atividades motoras.

A presença do excesso de peso na população menos favorecida pode ser explicada pela falta de orientação alimentar adequada, atividade física reduzida e pelo consumo de alimentos muito calóricos, como cereais, óleo e açúcar. Tais alimentos são mais baratos e fazem parte de hábitos alimentares tradicionalmente incorporados. O problema da obesidade cresce menos entre a população mais privilegiada porque ela tem maior acesso a informações sobre os prejuízos que a doença acarreta, melhora dos hábitos alimentares e práticas de atividade física regular. Este fato nos mostra que o aspecto mais importante para frearmos esta situação é abordá-la de forma a promover melhorias na qualidade de vida da nossa população, ou seja, ensinar, reeducar e estimular um estilo de vida saudável.

Para ser te idéia do impacto econômico da obesidade, nos EUA em 1995 foram gastos aproximadamente US$ 99,2 bilhões, incluindo US$ 51,6 bilhões de custo médico e US$ 47,6 bilhões em perda de produtividade. No Brasil, estudo realizado pela Força Tarefa Latino-Americana identificou que o custo anual para a obesidade é cerca de R$ 1 bilhão, incluindo o custo de estadia hospitalar, médicos e medicamentos necessários para tratar a obesidade e suas comorbidades. O paciente obeso custa para o Estado 8% a mais do que uma pessoa com peso adequado.

Dados recentes na literatura evidenciaram que a redução de peso, particularmente a perda de gordura corporal, combinada com exercícios e dieta saudável está relacionada com taxas menores de risco de mortalidade e é mais eficaz do que o uso de medicamentos.

O mega estudo publicado em Julho pela revista “The Lancet” mostrou que mais que a dieta ou a quantidade de gordura corporal, mas sim o condicionamento físico que as crianças se encontram é um importante fator de risco cardiovascular. Eles constataram que crianças que praticavam mais atividade física apresentaram menor risco cardiovascular, mesmo sendo crianças de países diferentes e com dietas diferentes. O achado mais surpreendente da pesquisa foi que tanto as crianças magras como as com excesso de peso diminuíram o seu risco cardiovascular quando aumentaram á prática de atividade física mesmo sem alterar seu peso na balança.

As recomendações internacionais atuais preconizam que as crianças façam uma hora de exercício físico diário com intensidade moderada. Os resultados deste estudo mostraram que essa atividade não é suficiente e recomendam uma hora e meia por dia.

Esse estudo vem corroborar com o programa de exercício desenvolvido pelo Instituto Movere que já vem trabalhando com essa idéia desde setembro de 2003, obtendo excelentes resultados com as crianças e adolescentes. Nós não só preconizamos 1:30 as 2:00hs de exercício, como todo o programa de atividade física é preparado a partir de uma linha de tempo, levando em consideração a maturação biológica em que as crianças se encontram, como a periodização de treinamento.

E de acordo com alguns especialistas, para atingir esse nível de atividade física, ela deveria ser integrada no currículo escolar. Eles comentam: “A implantação deste tipo de intervenção nas escolas deve ser prioridade, porque a atividade física representa a medida essencial para a prevenção de doenças e de um estilo de vida mais saudável no futuro”.

Nós do Instituto Movere estamos de acordo com o comentário dos especialistas, tanto que já iniciamos a replicação de nosso projeto na escola no início deste ano.

Acreditamos que com uma educação física sistematizada e integrada com as outras disciplinas conseguiremos atingir o nosso objetivo, que é o de melhorar a qualidade de vida e prevenir futuros risco para a saúde de nossas crianças e adolescentes.

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