Aptidão física e obesidade infantil

Profa. Dra. Vera Lúcia Perino Barbosa
Pós-graduanda Tatiana Silva Damasceno

O tratamento efetivo para a criança obesa inclui intervenções nas áreas da alimentação, atividade física, psicologia e clinica. O escopo desse material é esclarecer sobre a importância da atividade física para crianças e adolescentes com excesso de peso.   A infância é um período de grande importância para o desenvolvimento motor, porque é nesta fase que ocorre o desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais, que servirão de base para o desenvolvimento das habilidades especializadas na vida adulta.Toda criança gosta de correr, pular, saltar, enfim, praticar esportes e atividades físicas. Nestas atividades em que a criança se diverte, ela também melhora sua qualidade de vida.2 Cada criança possui um repertório motor variado. Esse repertório pode ser mais desenvolvido ou menos. O desenvolvimento está relacionado com experiências e vivências de qualidade que esta criança possui. Quanto maior o número de experiências, maior será o desempenho realizado por elas.3 Crianças e adolescentes obesos apresentam padrões diferenciados em relação aos não obesos, tais como: menor eficiência mecânica, maior gasto energético em tarefas que exigem deslocamento ou projeção da massa corporal e diferentes respostas metabólicas e hormonais.4 Um outro estudo mostrou que os obesos tinham piores desempenhos em todos os parâmetros de aptidão física em comparação com os seus pares. Este atraso motor pode ser causado pela inatividade ligada ao estado de obesidade, dificuldade para realização de atividades, vergonha da exposição de sua aparência corporal.5 Este cuidado para não se expor proporciona ao obeso a escolha de atividades com abaixo gasto calórico. Muitos jovens obesos não suportam o sentimento de exclusão em suas atividades diárias e acabam muitas vezes se isolando socialmente.6  

O Instituto Movere vem trabalhando nestes 12 anos com os três principais pilares no tratamento da obesidade – Atividade Física, Nutrição e Mudança de Comportamento.

O programa de treinamento físico desenvolvido pelo Instituto é adaptado para crianças e adolescentes obesos com o objetivo de proporcionar ganho de força, flexibilidade e condicionamento físico sem que ocorram lesões.

Para avaliar a aptidão física em uns dos grupos composto de 100 crianças e  adolescentes que frequentaram o Instituto Movere pelo período de 1 ano, foi realizado bateria de testes neuromotores antes e após o programa de intervenção. O grupo apresentou antes de iniciar o programa de intervenção todos os parâmetros relacionados à aptidão física, abaixo do esperado. Provavelmente o excesso de gordura corporal pode refletir nos baixos índices de aptidão física e na composição corporal dessas crianças e adolescentes. Porém, após os doze meses foram observados  melhora em todas as variáveis, como é mostrado na tabela abaixo. Tal resultado foi estatisticamente significante, demonstrando que o protocolo de exercícios estabelecido, associado à orientação dietética promoveu modificações importantes na aptidão física para esse grupo.

Testes Percentual de crianças e adolescentes que melhoraram nos testes
Resistência abdominal 95%
Flexibilidade 89%
Impulsão Horizontal 84%
Força de Membros Superiores 89%
Agilidade 95%

 

Referencias

 

1- GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo, Phorte Editora, 2003 SANTOS, Suely; et al. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, v.18, p.33-44, ago. 2004.

2- BORTONI, William Luiz; BOJIKIAN, Luciana Perez. Crescimento e Aptidão Física em escolares do sexo masculino, participantes de programa de iniciação esportiva. Brazilian Journal of Biomotricity.Novembro 2007.

3- PAIM, Maria C. C. Desenvolvimento motor de crianças pré-escolares entre 5 e 6 anos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 8, Nº 58, Março de 2003. http://www.efdeportes.com/efd58/5anos.htm

4- DÂMASO, A.; TEIXEIRA, L; CURI, C. M. (1995). Atividades Motoras na Obesidade. In: Fisberg, M. Obesidade na infância e adolescência (pp. 91-99). São Paulo: Fundação BYK, SP

5- Deforche, B.; Lefevre, J.; Bourdeaudhuij, I.; Hills, AP.; Duquete, W.; Bouckaert, J. Physical activity in obese and nonobese.Flemish youth. Obesity Research, Boston, v.350, n.9, p. 855-857, 2004.

6- PAZIN, Joris; FRAINER, D. E. Schlickmann; MOREIRA, Daniela. Crianças obesas têm atraso no desenvolvimento motor. Revista Digital – Buenos Aires – Ano 11 – N° 101 – Outubro de 2006.

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